segunda-feira, 15 de julho de 2013

Fisiologia do Cabelo

Do mesmo modo que a pele, o couro cabeludo é formado pela epiderme (camada visível superficial), a derme que se encontra por baixo desta e sob a derme encontra-se a hipoderme.
O cabelo encontra-se implantado na derme, é constituído por haste, raiz e bolbo capilar :
A haste – parte externa ao folículo piloso e visível com espessura média no adulto de 65-78 mícron – situada por cima da glândula sebácea;
A raiz – parte interna ao próprio folículo, entre o óstio deste e a junção inferior do músculo erector do pêlo, chamada raiz “imersa”, por conseguinte, na cútis e, como tal, normalmente não visível;
O bolbo capilar – parte ainda mais profunda, alojada na porção inferior da parte mais interna do folículo, que contém na sua inferior duas a três filas de células sobrepostas de rápida reprodução que constituem a matriz (originadas da bainha epitelial externa do folículo piloso). Desta zona vascularizada, nascem células de 39 em 39 horas, que se ligam, queratinizando-se e formam o cabelo .
Um corte longitudinal do cabelo mostra três camadas concêntricas, medula, córtex e cutícula. O córtex é formado por células que contém o pigmento do cabelo – a melanina. A cutícula é formada por células de queratina encaixadas umas nas outras tal como escamas – formam a protecção do cabelo.
O ciclo de vida de um cabelo situa-se no intervalo de 3 a 7 anos. Este ciclo renova-se cerca de 20 a 25 vezes ao longo da vida .

Em cada ciclo de vida do cabelo existem 3 fases:
- Fase de crescimento ou anagénica, cuja duração vai de 2 a 7 anos
- Fase de repouso ou catagénica, cuja duração vai de 2 a 3 semanas
- Fase de queda ou telogénica, que dura 3 meses.
Regra geral, na primeira fase, encontram-se cerca de 85% dos cabelos, na segunda, a percentagem é de 1% do cabelo e na terceira fase, cerca de 14% .




terça-feira, 9 de julho de 2013

Aspectos Psicossociais da Calvície

O problema da calvície aparece relacionado com outros problemas do foro estético, no sentido em que o indivíduo calvo que procura recuperar de algum modo (natural ou artificial) o seu cabelo, sente um desajuste em relação à aparência dos que o rodeiam.
Os dados epidemiológicos apontam para que 50% dos indivíduos com mais de 50 anos sejam calvos . Mais ainda, pressupondo que a calvície é um processo insidioso, com idade de início variável mas relativamente precoce, podemos pressupor o seu impacto negativo no bem-estar psicológico das pessoas. Agrava, o facto de estes indivíduos constituírem uma minoria, face à totalidade da população masculina, o que poderá complicar a sua sensação de inadaptação à sua imagem.
Denominada a calvície, por ausência total ou parcial do cabelo, estes indivíduos poderão sentir um desajuste em relação à aparência geral de quantos o rodeiam.
Isto significa que deverá existir um conjunto de ideias sobre como o corpo “deve ser”, que defina uma normatividade ideal do corpo .
Desta forma, os indivíduos calvos demonstram preocupações em relação à calvície e nas implicações que esta possa ter, quer no campo afectivo, quer em vários níveis do desempenho social. 
A história do cabelo, desde há muito, aponta para uma imagem normalizada e normalizadora no que concerne ao sujeito calvo.
Actualmente o ideal de beleza passa também pelo cabelo, logo responsável por uma melhor auto-imagem .
O cabelo é a única parte do corpo maleável que o indivíduo pode gerir e alterar em prol da sua aparência .
A calvície nem sempre é bem tolerada pelos homens e ainda menos pelas mulheres. Existem limites culturalmente aceites que quando ultrapassados provocam preocupações e que conferem aos cabelos uma importante função psicológica. A queda do cabelo excessiva é assim perturbadora e afecta a aceitação pessoal e social devendo ser considerada um problema estético e médico .
Os homens calvos são vistos como menos desejáveis física, pessoal e socialmente.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Sansão escreve: Cabelo - história e simbolismo

Depois de tanto tempo...
Eu e Rapunzel voltamos ao vosso convívio e vamos dar novas informações, formações, curiosidades e saberes sobre cabelo.
Para fazer a ligação das  mensagens anteriores e começarmos por algum lado, segue um texto sobre: Cabelo - história e simbolismo.
O cabelo tem como função primeira, a protecção do crâneo contra traumatismos e radiações solares.
Porém, e desde tempos imemoriais, são inúmeros os testemunhos que associam ao cabelo valores simbólicos, estéticos e sociais.
Basta recordar o episódio bíblico de “Sansão e Dalila”. Sansão, juiz de Israel, poderoso e cheio de força, perde estes atributos quando a sua mulher Dalila lhe corta os cabelos durante a noite.
Atente-se, ainda, a história de Berenice, Rainha do Egipto. Esta, prometeu a Vénus a sua bela cabeleira pelo retorno rápido do seu marido Ptolomeu, que se encontrava numa missão militar na Síria. A ira de Ptolomeu, confrontado com a perda de cabelo de sua mulher, só foi apaziguada quando este foi informado da transformação dos cabelos de Berenice em estrelas – constelação “Coma Berenices”, cabeleira de Berenice..
É de referir, também, a história de Buda, cinco séculos antes de Cristo, que como expressão da renúncia aos bens materiais cortou os seus cabelos.
 “Rapunzel”, uma personagem criada pelos irmãos Grimm, utilizava as suas tranças para fazer subir o seu amado à torre onde se encontrava presa.
Estes são apenas alguns exemplos que remetem para muitas lendas, mitos, fábulas e contos em que ao cabelo são atribuídos os mais diversos significados simbólicos ou mesmo da esfera social.
O facto de os militares raparem o cabelo significa o abdicar da individualidade e a subjugação à autoridade. Os padres e os monges rapam o cabelo como um acto simbólico de humildade e submissão ao seu Deus. A calvície está também ligada à ideia de velhice.
Outras tantas manifestações sociais mais recentes, tais como anedotas, publicidade, séries televisivas ou de banda desenhada, levam a constatar que ontem, tal como hoje, o cabelo tem outros significados que não a sua função biológica.
A revelação das preocupações com o cabelo remonta a tempos longínquos. Inúmeras são as fórmulas e as poções mágicas, existindo já inscritas em papiros Egípcios, com mais de quatro mil anos, que citam a anatomia do couro cabeludo, bem como fórmulas para tratar a alopécia. As misturas, em partes iguais, incluíam gordura de hipopótamo, leão, crocodilo, cobra e ganso. O egípcio Hakiem-El-Demagh, considerado o primeiro especialista em doenças do couro cabeludo, idealizou, nessa época, várias fórmulas para o tratamento da calvície.
Curiosas eram, também, as receitas prescritas por Hipócrates. Estas continham instruções para o tratamento do cabelo que incluíam massagens com láudano, óleo de rosas, óleo de linho, óleo de olivas verdes e mesmo de urtigas, juntando excremento de pombos.
Já Cleópatra, prescrevia a Júlio César, seu amado, para a calvície, uma poção que incluía rato doméstico, gordura de urso, medula de veado e dente de cavalo (Pereira, 2002).
Mais tarde, na Idade Média, a este tipo de tratamentos recorrentes de animais e plantas, somaram-se ainda rituais de exorcismo.
Na actualidade, é interessante observar quantos grandes líderes mundiais são calvos. Foi efectuado nos Estados Unidos um levantamento de 522 políticos de topo e o resultado revelou uma percentagem mínima de calvos. De acordo com este estudo, os presidentes na sua grande maioria, quando escolhidos pelo povo, não são calvos.
Assim, a preocupação com o cabelo, que remonta de há milhares de anos, parece querer dizer que a calvície corresponde a um corpo não normalizado. Ao cabelo são dados atributos simbólicos, como centro da força, símbolo de realeza, estado social, fetiche, índice de sensualidade e emblema de juventude, castigo, sacrifício religioso ou luto, ocupação individual, status profissional, conduta moral, idade, sexo e até estado civil).